A Bíblia

sexta-feira, 20 de março de 2009

Católico pode testemunhar a uma Testemunha de Jeová em sua porta19 março 2009 Autor: Bíblia Católica Online Postado em: Protestantismo

Por Jeffery SchwehmTradução: Emerson de OliveiraFonte: Veritatis Splendor

Como um ex- Testemunha de Jeová que passou muitos anos indo de porta em porta era relativamente raro aos cristãos se ocuparem de uma discussão significante comigo. Porém, aqueles que fizeram isto tiveram impacto muito enorme. Infelizmente, era até mesmo mais raro para um católico se ocupar de diálogo significante comigo. Isto é até mesmo mais trágico já que os católicos têm a abundância da fé cristã e realmente tem muito mais para oferecer a uma Testemunha de Jeová.
Se você tem um desejo de compartilhar o Evangelho, estas visitas das TJ dão uma oportunidade de fazer isto mesmo sem deixar sua casa. A seguir eu dou algumas sugestões para lhe ajudar a estar pronto para compartilhar o Evangelho com seus vizinhos Testemunhas de Jeová.
1. Oração: Reze regularmente e peça para o Espírito Santo lhe dar a graça para compartilhar efetivamente o Evangelho com seus amigos Testemunha de Jeová. Também reze para que o Senhor suavize o coração de seus amigos Testemunhas de Jeová para ouvirem o Evangelho também.
2. Receba freqüentemente os Sacramentos: Os sacramentos nos dão vida. Sem eles nós não temos nada para dar a outros que precisam aprender sobre o Senhor.
3. Leia as Escrituras: Se você é ignorante das Escritura você é ignorante de nossa história familiar como povo de Deus e como São Jerônimo disse “ignorante de Cristo”.
Apresentando o Evangelho para as Testemunhas de Jeová
Há três pontos principais que os católicos podem compartilhar efetivamente com as visitas de Testemunhas de Jeová. Escolha um dos pontos seguintes para compartilhar e permanecer neste tópico com eles durante a visita:
1. Todos os cristãos são filhos de Deus e passarão a eternidade com Cristo: as TJ ensinam que só 144.000 pessoas são consideradas filhos e filhas de Deus. Os 144.000 têm a esperança de ir ao céu serem glorificados com Jesus para a eternidade. O resto das TJ não são filhos e filhas de Deus mas somente amigos de Deus que tem a esperança de sempre viver no paraíso terrestre. Isto vai claramente contra o ensino das Escrituras. (Veja Romanos 8.14-17)
2. Ninguém pode predizer a Segunda Vinda de Cristo: as TJ ensinam que Jesus voltou invisivelmente no ano 1914 d.C. e que seu primeiro líder, Charles T. Russell, predisse isto. Eles também ensinam que o tempo do fim do mundo começou por aquele ano. Isto vai claramente contra o ensino das Escrituras. (Veja Mateus 24.23,24; Lc. 21.8)
3. Jesus não é o Arcanjo Miguel: as TJ ensinam que Jesus é o Arcanjo Miguel. Isto vai claramente contra o ensino das Escrituras. (Veja Hb. 1.5,6) Se uma TJ percebe que as Escrituras não apóiam a crença de que Jesus é o Arcanjo Miguel, isso lhes ajudará a perguntar questões pela verdadeira identidade de Jesus.
Para uma discussão mais detalhada destes três pontos de uma perspectiva católica, eu recomendo o livro Respondendo as Testemunhas de Jeová, por Jason Evert.
Testemunhando para Cristo
Você se preparou para compartilhar Cristo com com as TJ. Como se você deveria proceder da próxima vez que você receber uma visita?
1. A Testemunha de Jeová terá uma pequena apresentação preparada para você. Esta apresentação normalmente se trata de alguma peça de literatura que eles querem que você leia. Deixe-lhes completar a pequena apresentação. Deste modo sua visita ficará mais apta a escutar seu mensagem sem se preocupar como ele completará sua apresentação.
2. Quando a apresentação da Testemunha de Jeová estiver completa, vão lhe perguntar se quer aceitar sua literatura. Eu não recomendo aceitar a literatura porque provavelmente vão pedir para você fazer uma doação. O dinheiro da literatura financia a organização religiosa deles. Como católicos, nós não queremos nosso dinheiro ir para uma organização religiosa que ensina falsas doutrinas.
3. Recuse de forma educada a literatura e diga para as TJ que você tem uma mensagem para elas. Tenha uma cópia da Bíblia à mão e compartilhe com a TJ um dos pontos listados acima. Por exemplo, você poderia compartilhar com elas a seguinte Escritura:
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.” romanos 8: 14-17
4. Explique a Testemunha de seu Jeová o que esta Escritura significa para você. Diga-lhes como o Senhor o adotou como seu filho. Normalmente, em sua apresentação, a Testemunha de Jeová vai mencionar a esperança de viver para sempre no paraíso terrestre. Diga-lhe que você não tem nenhum interesse em viver para sempre no paraíso que ele descreveu porque sua esperança é estar com Jesus para sempre.
5. Não há nenhuma necessidade de discutir com a Testemunha de Jeová ou até ficar pulando textos e textos com elas. Nunca ataque a Testemunha de Jeová pessoalmente. Lembre-se que a Testemunha de Jeová foi enganada por seus líderes religiosos. Quando você expressa o que quer dizer e compartilha sua mensagem simplesmente desculpe-se e termine a discussão.
6. Depois da discussão, reze para sua conversão.
O impacto que um cristão preparado com a mensagem da verdade pode fazer em um missionário TJ é enorme.
Uma vez quando eu estava visitando a porta de um cristão, eu lhe dei minha apresentação TJ da esperança de viver para sempre no paraíso terrestre. Este homem me falou de uma maneira calma e amorosa que sua esperança não era viver para sempre no paraíso terrestre mas viver para sempre com Jesus no céu.
Ele então acrescentou: “E eu não posso pensar em um lugar melhor que isto, inclusive um paraíso terrestre”.
Embora eu fosse Testemunha de Jeová, eu sabia que estar na presença de Cristo para eternidade era melhor que a vida eterna no paraíso terrestre. Eu fiquei mudo depois este simples comentário e saí. Meu colega Testemunha de Jeová que me acompanhou aquele dia se virou para mim depois que saímos e disse: “eu acho que aquele homem teve um Espírito Santo ou algo”.
Nosso Pai Celestial está nos pedindo que contribuamos com a “nova evangelização” do mundo. Nós podemos fazer uma contribuição a esta “nova evangelização” em dar um bom testemunho a nossos amigos TJ. A estratégia esboçada acima deve lhe ajudar a dar um testemunho bem sucedido a elas.

Cientistas assinam manifesto contra a legalização do Aborto19 março 2009 Autor: Bíblia Católica Online Postado em: Mundo
Fonte:
Editora Cleofas

MADRI, Espanha (AFP) - Uma associação contra o aborto apresentou nesta terça-feira um manifesto assinado por centenas de cientistas e intelectuais contra o projeto do governo socialista de legalizar a interrupção voluntária da gravidez dentro de um prazo determinado.
Os assinantes consideram neste “manifesto que o aborto é um ato simples e cruel de interrupção de uma vida humana”, afirmando que a vida começa no momento da fecundação.
“Quase 1.000 cientistas e intelectuais assinaram o texto”, afirmou nesta terça-feira durante entrevista à imprensa um dos promotores da iniciativa, Nicolás Jouve de la Barreda, professor de genética da Universidade de Alcalá de Henares (centro).
Esta iniciativa da associação HazteOir, que é contra o aborto e a eutanásia e a favor da família como instituição básica da ordem social, coincide com o lançamento, pela Igreja espanhola, de uma polêmica campanha publicitária contra o aborto.
Os bispos espanhóis lançaram uma campanha para denunciar o fato de espécies animais ameaçadas estarem mais protegidas, segundo eles, do que embriões humanos na Espanha.
O fundador de HazteOir, Ignacio Arsuaga, que se declara católico, considerou que a campanha dos bispos foi muito bem feita e aborda bem o problema.
Na campanha dos bispos, um bebê aparece ao lado de um lince ibérico –espécie protegida na Espanha por sua vulnerabilidade–, com a frase “Lince protegido”. O bebê pergunta: “E eu?” e, acrescenta, “Proteja minha vida!, tudo isso com fotos do feto.
O governo espanhol quer permitir o aborto livre legal dentro de um prazo de gestação limitado, como já ocorre em diversos países europeus.
Atualmente, o aborto é permitido no país nas primeiras 12 semanas de gestação em caso de estupro, e 22 semanas em caso de má formação do feto, sendo sem limite de tempo em caso de risco físico ou psíquico para a mãe. Esta última disposição, a mais utilizada, dá lugar a abortos muito tardios.

sábado, 14 de março de 2009

Destruição da família e violência
13 Mar 2009
Cardeal Odilo Pedro Scherer

Enquanto a Campanha da Fraternidade de 2009 apenas está no início, somos surpreendidos cada dia com notícias sobre novos fatos e esquemas de refinada violência: um grupo de extermínio atuando na área metropolitana de São Paulo e que cortava mãos e cabeças das vítimas para não serem reconhecidas; crianças abusadas sexualmente de maneira aberrante e vergonhosa; a menina de 9 anos, no Pernambuco, abusada durante três anos por um familiar, resultando grávida; e para saber mais, é só abrir e ler os jornais de hoje...
A questão posta pela Campanha da Fraternidade não se detém na denúncia de fatos, mas vai à reflexão sobre as causas da violência, indicando também as vias para uma possível solução. A violência está relacionada com fatores pessoais e morais, que devem ser objeto de constante conversão e educação dos hábitos e da orientação da vida segundo os mandamentos da lei de Deus e os valores do reino de Deus; a Igreja não se cansa de chamar à penitência e à conversão, especialmente durante a Quaresma.
Mas a violência também tem causas sociais, que precisam ser conhecidas e enfrentadas coletivamente, com esforço solidário e também com políticas públicas. O Estado e as Instituições públicas têm a missão de promover, entre outras coisas, a justiça social, a eficiência no sistema judiciário e o desbaratamento do crime organizado; da mesma forma, também são responsabilidades do Estado e dos órgãos que o representam a promoção de uma autêntica cultura dos direitos humanos e da dignidade da pessoa, bem como o amparo às instituições e organizações da base social, que são capazes de assistir às pessoas na sua situação concreta e de promover os verdadeiros valores na convivência social; refiro-me à família, à escola e a tantas outras organizações da sociedade civil. A paz será fruto da justiça e do respeito à dignidade das pessoas.
Muita violência tem a ver com a desestruturação e destruição da família, inclusive por leis e políticas contrárias à família; os efeitos são desastrosos para a sociedade pois, aquilo que a família constituída e amparada minimamente poderia fazer, acaba faltando na vida das pessoas e os problemas sobram para a sociedade e para o próprio Estado. Quem promove uma cultura desprovida de valores éticos, quem incentiva e explora a prostituição, a promiscuidade e incita à iniciação sexual precoce de crianças e adolescentes deveria pensar se não está incentivando, também, a violência sexual contra mulheres e crianças, ou apoiando comportamentos sexuais aberrantes, como os que são objeto de notícia na imprensa.
A negação das implicações morais e da responsabilidade social nos comportamentos individuais, bem como o incentivo à banalização do sexo e do casamento, está fragilizando a família e pode causa de violência. Alguém já fez uma análise séria das consequências da farta distribuição de preservativos, não só no sambódromo por autoridades, mas até em escolas, para crianças e adolescentes? O desmantelamento da família mediante políticas públicas que atendem a grupos de pressão mais que ao interesse social e coletivo, sobretudo dos grupos sociais que mais necessitam da família, como as crianças, os idosos e os doentes, é uma grande irresponsabilidade e trará consequências graves para a sociedade e o Estado. A família é um bem para a pessoa e para a sociedade e, por isso, deve ser defendida e amparada por políticas públicas que lhe possibilitem o exercício de suas atribuições naturais e sociais.
Muita violência, infelizmente, tem origem debaixo do teto familiar. O caso triste do estupro das meninas por um padrasto, no Pernambuco, não é único; tais fatos devem ser denunciados. Muita violência está relacionada com a ausência de uma sólida educação recebida em família, ou com os ambientes já contaminados por toda sorte de sordidez, onde as crianças convivem desde cedo com vícios e violência, são vítimas dela e acabam sendo orientadas para repetir comportamentos violentos.
A superação da violência não acontecerá simplesmente por esquemas repressivos mas por mudanças de fundo cultural. A escola tem um papel importante na formação dos valores para uma convivência respeitosa e sadia. Mas, quando a própria escola está desamparada, o que se pode ainda esperar? Fico impressionado quando ouço ou leio que professores têm medo de entrar em certas salas de aulas freqüentadas por crianças e adolescentes... Faço votos que esta Campanha da Fraternidade se torne ocasião para uma séria reflexão sobre as causas da violência na sociedade.

Card. Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de S.Paulo
Artigo publicado em O SÃO PAULO na ed. de 09.03.2009
A Polemica de Recife: O Anonimato
13 Mar 2009
Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Todo o Brasil está envolvido numa polêmica impactante e inflamada pela emoção, onde se encontram várias pessoas em torno de uma menina de 9 anos e dos seus filhos (gêmeos) de 15 semanas de vida interrompida violentamente pelo aborto.
Sabemos que para uma pessoa, independentemente das suas circunstâncias, um nome é uma identificação importante para ela e para as outras pessoas que se relacionam com ela. Por razões legais – proteção da identidade de menores de idade – essa mãe-menina foi sempre apresentada de costas pela mídia nacional e internacional, e ninguém que teve conhecimento desse infeliz e duro momento da sua vida pelos meios de informação sabe como ela se chama; pelo menos para a população brasileira envolvida na polêmica de Recife essa menina de 9 anos passará a ser mais uma pessoa do grupo dos anônimos.
Entre as dores causadas por essa polêmica no íntimo queria trazer à consideração uma que talvez tenha sido intensa e irradiante, mas pouco refletida por causa da força emocional dos argumentos e também devido aos tons alarmantes das manchetes e das notícias veiculadas na televisão e na internet. Refiro-me à dor do anonimato, pois não nada mais doloroso para uma pessoa, especialmente que está no princípio da sua caminhada de vida, do quer ser mais um número na estatística da violência – estupro e aborto –, além de ser mais um caso para ser discutido pelos políticos e pelas ONGS favoráveis ao controle da natalidade por meio do aborto.A menina de Alagoinhas com os seus gêmeos mortos não mereceriam ser vistos jamais dessa forma anônima, pois tal visão por parte da mídia e de todas as pessoas que estão discutindo “o caso” relega essas criaturinhas de Deus ao plano inferior de todo ser humano, possuidor de uma dignidade elevada e intransferível: ser alguém merecedora de respeito, de amor e de valorização pelo que é em si mesma, e não pelo que aconteceu com ela e com seus filhos.
Povo brasileiro, receptivo por natureza, acolhedor de tantos povos que aqui, nesse maravilhoso e imenso continente, encontre novamente esta sua vocação natural, que é a de reconhecer a identidade própria dos seus semelhantes bem como dos estrangeiros que aqui chegam a trabalho ou até para fazer turismo. O brasileiro naturalmente se dirige para pedir uma informação de um modo muito peculiar: “irmão, amigo, meu querido, etc.”, pois é o estilo nacional de relacionar-se, que infelizmente está se perdendo e a polêmica de Recife demonstra mais uma vez esta dor do anonimato.
A emoção inflamada sempre bloqueia a razão, e com o passar dos dias ainda se encontra levantada a poeira da discussão do “caso da menina de 9 anos”, a pessoa “cruel do Arcebispo de Recife” (como se ele fosse mais uma peça do tabuleiro de xadrez e não tivesse sua identidade, não tivesse coração, sensibilidade e não sofresse com tudo isso), e ninguém, a não ser quem preserva e protege o seu bom senso, quer refletir sobre esta dor profunda de ser tratado como um anônimo e como um tema polêmico.
O POVO, jornal que quer informar e formar os seus leitores, recorreu a mim para escrever um artigo sobre a questão que remexeu no espírito dos brasileiros, especialmente dos católicos, e como muito se falou e se escreveu, limitei-me a aborda-la dessa forma, porque uma coisa é absolutamente certa e valiosa: para DEUS não existe anônimos sobre a face da terra e esta verdade consoladora surge como uma luz poderosa para clarear a polêmica de Recife.
“EU TE CHAMEI PELO TEU NOME; TU ÉS MEU”, lemos nas páginas da Sagrada Escritura, e a chamada divina foi dirigida a uma menina de 9 anos e aos seus gêmeos para que essas três pessoas fizessem os políticos, os médicos, os padres e bispos, os intelectuais, os estrategistas de campanhas pró-morte e pró-vida, os comunicadores de massa, etc. pensarem na dor de quem não é mais tratado como gente no nosso país.
Fonte. Site da CNBB
Documento vaticano orientará pastoral da comunicação na Igreja
Iniciativa surge em seminário de bispos celebrado no Vaticano
Por Jesús Colina

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 13 de março de 2009
- Um seminário de bispos em representação de 82 países encerrou nesta sexta-feira no Vaticano, dando início ao processo de redação de um documento da Santa Sé que atualizará a pastoral da Igreja no campo da comunicação.
Foi a conclusão mais importante do seminário convocado nesta semana pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, com o lema: “Novas perspectivas para a comunicação eclesial”.
A iniciativa, que recebeu o apoio do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, em sua intervenção de encerramento, tem lugar no dia seguinte de que Bento XVI, na carta que escreveu para explicar os motivos da remissão da excomunhão de quatro bispos lefebvristas, reconhecesse que a Santa Sé deve compreender a nova importância que a internet assumiu.
Referindo-se ao escândalo provocado pelo bispo Richard Williamson, que negou o Holocausto, o Papa escreve: “Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias”.
O cardeal Bertone reconheceu diante dos bispos que um novo documento de orientação pastoral para o compromisso comunicativo da Igreja é necessário, pois o último texto destas características, "Aetatis novae", foi publicado pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais no dia 22 de fevereiro de 1992.
“Os 17 anos anos transcorridos –disse– representam um longo parênteses para os ritmos de desenvolvimento e de crescimento dos meios de comunicação; é o período em que amadureceu uma série de pequenas e grandes revoluções que, como uma corrente contínua, transformaram radicalmente o panorama preexistente”.
O purpurado recordou que na mensagem final do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, celebrado em outubro passado no Vaticano, se sublinha que “a voz da Palavra divina tem de ressoar também através do rádio, das artérias informáticas da internet, dos canais de difusão virtual em linha, os CD’s, os DVD’s, os podcasts, etc.; deve aparecer nas telas da televisão e do cinema, na imprensa, nos acontecimentos culturais e sociais”.
Na última sessão do seminário, os grupos de trabalho dos bispos apresentaram propostas para a redação do esboço do futuro documento.
O arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, revelou aos bispos que o Conselho começará agora a redação destas propostas para apresentar um primeiro texto provisório na segunda metade de outubro aos membros (cardeais e bispos) e consultores desse dicastério vativano, reunidos em plenária.
Dom Paul Tighe, secretário do Conselho, revelou que será um “documento vivo, adaptado ao hoje, mas com o olhar no futuro”. Inclusive em sua redação, diante da distância entre os bispos participantes do processo, pensa-se na utilização das novas tecnologias, para que haja colaboração.
Tanto os bispos como os representantes do Conselho consideram que este documento deve contar com a contribuição dos jovens, os “nativos digitais”.
Por isso, neste seminário de bispos participaram jovens que estão realizando seu doutorado em comunicação em universidades pontifícias de Roma.
Fonte: ZENIT.org

sexta-feira, 13 de março de 2009

Coluna Litúrgica
Canto Litúrgico: Instrumento de Participação dos Fiéis

"A Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte de onde emana toda a sua força." (Cf. SC 10) Parece que isso bastaria para que todos nós, ministros e pastores, tratássemos, em verdade e na prática, a Sagrada Liturgia como o maior dom do Cristo à Igreja, celebrando-a e integrando-a em nossa vida comunitária e em nossas vidas pessoais com o respeito devido a tão grande dom.

Liturgia significa, etimologicamente, trabalho do povo, ação do povo, e por isso mesmo não tem sentido sem efetiva participação do povo. Por isso, o Concílio insiste em que o povo cristão tem direito e obrigação de participar das celebrações litúrgicas, e indica três características com que tal participação deve apresentar-se: ser plena, ser ativa e ser consciente.

Para que a participação possa dar-se com essas características, é necessário que a Liturgia, sendo hierárquica e comunitária, seja celebrada segundo certas normas, que o mesmo Concílio apresenta de modo geral, deixando o detalhamento ao Papa, de modo irrestrito, e aos bispos, individualmente ou reunidos em suas Conferências de Bispos. Não é possível, efetivamente, que uma celebração transcorra com a calma, a tranqüilidade, a integração indispensáveis, se não são observadas regras previamente estabelecidas. A Liturgia não pode ficar ao critério, e muito menos ao capricho, de quem a ela preside, ou de outras pessoas que nela atuem. "Sendo ação do povo, o povo deve saber o que vai ser feito, saber o que vai fazer" (Cf. IGMR 31).

Quanto ao canto, o próprio Concílio ofereceu à Igreja algumas indicações referentes a esse mesmo assunto como elementos valorizadores da Sagrada Liturgia, desde que favorecessem a participação ativa do povo (Cf. SC 113-115; 121). Essa condição — a participação do povo — é sempre posta em relevo, como se pode ver em cada um dos números acima citados da Constituição Sacrosanctum Concilium.

Os grupos de cantores, ou simplesmente grupos corais, devem ser incentivados, principalmente junto às catedrais e paróquias. Porém, a sua existência e atuação não devem diminuir, mas, pelo contrário, promover a participação geral dos fiéis. Todos os fiéis, por serem chamados a participar da Sagrada Liturgia, devem receber formação litúrgica, porém de modo peculiar os ministros, e, entre estes, os cantores, como também os compositores, hão de ter um nível destacado de formação litúrgica.

A função do coral, portanto, é dupla: promover a participação ativa dos fiéis no canto e executar as partes que lhe são próprias. É inadmissível, pois, que, executando cantos, o coral diminua, ou até exclua o canto dos fiéis em geral.

Ao desempenharem as suas funções, os cantores interagem com os fiéis em geral, e por isso muitas das regras, embora só indiretamente se refiram a esses ministros, também disciplinam sua atuação (Cf. IGMR 103-104;116).

Fonte: Jornal Diocesano No Meio de Nós - Informativo da Diocese de Marília (SP) - Ano IX - Nº 97 - Setembro/2006
Coluna Litúrgica
Os Símbolos na Liturgia


A Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia "Sacrosanctum Concilium" descreve no nº 07 a liturgia como o "exercício do sacerdócio de Jesus Cristo... mediante os sinais sensíveis". No nº 59, a mesma Constituição diz que "os sacramentos ... enquanto sinais... não só supõem a fé, mas a seu modo, a alimentam, a robustecem e a expressam por meio de palavras e coisas". No nº 33 se diz: "os mesmos sinais visíveis que usa a sagrada litur­gia foram escolhidos por Cristo ou pela Igreja para significar realidades divinas invisíveis". No número seguinte lemos: "os ritos devem ser breves, claros, evitando as repetições inúteis, adaptados à capacidade dos fiéis e, em geral, não devem ter necessidade de muitas explicações".

O símbolo ajuda ao homem a explicar o mundo, sobretudo o mundo espiritual. Dirige o espírito ao desconhecido, o inexplicado e, talvez, o inexplicável. Também o entendimento tem esta missão. Mas, muitas vezes, o conhecimento simbólico vai mais além daquilo que só pode ser captado através de conceitos e afirmações racionais.

O símbolo tem uma função mediadora entre o consciente e o inconsciente, entre o espírito e a matéria, entre a natureza e a cultura, entre o sonho e a realidade, entre a terra e o céu.
O símbolo une. Leva da dispersão à unificação, do vazio à plenitude, do superficial à profundidade. O símbolo forma e sustenta comunidade e comunhão. Um grupo pode reconhecer-se mediante os seus símbolos. O grupo pode crescer com a ajuda dos seus símbolos. O símbolo orienta até o transcendente. O símbolo pode transformar ao homem que vive com ele e no mundo dele. O símbolo parte do passado e impulsiona para o futuro. Não tem somente uma função retrospectiva, mas também prospectiva que ajuda a passar do estático ao dinâmico realizando transformações.

A função transformadora do símbolo nos leva a constatar que o símbolo recorda o passado individual e comunitário; ajuda ao homem a atualizar o passado e torná-lo frutuoso para si; é um desafio para o presente. Os símbolos mortos não têm valor para nós, mas o símbolo vivo atua no presente. Exige uma tomada de posição e conseqüências concretas; constitui uma esperança em vista do futuro. Atrai a todos nós e nos ajuda no processo de amadurecimento.

Fonte: Jornal Diocesano No Meio de Nós - Informativo da Diocese de Marília (SP) - Ano X - Nº 111 - Novembro/2007
Coluna Litúrgica
Os Cantos na Celebração

Os fiéis que participam ou buscam participar de celebrações litúrgicas, em paróquias diversas, podem observar como os cantos, propostos a toda a comunidade, ou executados por um grupo ou por um solista, muitas vezes não correspondem, em vários pontos, às exigências da autêntica celebração litúrgica.

A conversa com os pastores e com outros ministros, ordenados ou não, dessas paróquias, permite também perceber que essas pessoas, de modo geral, nem se dão conta de que, ao invés de proporcionarem, aos fiéis, em geral, celebrações autênticas, formadoras, significativas e efetivamente participadas com consciência, vão, pelo contrário, permitindo que essas celebrações fiquem restritas a espetáculos (às vezes demorados), nos quais a participação da comunidade na verdade não ocorre, ou limitadas a orquestrações do povo em manifestações nas quais o sentido do sagrado é sepultado por uma torrente mundana.

Alguns, entretanto, diante de um comentário a respeito de tal ou qual ponto da celebração, manifestam sua surpresa, ao saberem que foi contrariado algum dos princípios que a Igreja, no último Concílio Ecumênico, explicitou como fundamentais da Liturgia.

Outro ponto que às vezes é questionado é a multiplicidade de cantos que são propostos nos folhetos preparados por editoras, dioceses ou paróquias, visando à participação do povo; a cada série de folhetos propõem-se cantos novos: quando esses começam a ser aprendidos, já vêm outros. O canto termina sendo fator de alienação, ao invés de ser fator de participação. Isso provavelmente não ocorreria, se fossem respeitadas as orientações normativas da Igreja sobre a matéria.
A diversidade de modos de celebração, por outro lado, resulta em perplexidades para não poucos fiéis, os quais comentam que na paróquia tal fazem assim, na outra fazem de outro modo, por que não fazer diferente, etc. Essa perplexidade atinge, não raro, os componentes de coros, que reclamam, quando o regente do coral não quer que os cantores cantem sozinhos, ou então o bispo ou presbítero, que presidirá à celebração, veda a execução de certos cantos ou o canto em certos momentos.
Ocorreu-nos, assim, – com o objetivo precisamente de esclarecer e orientar aqueles que, na verdade, com o espírito de obediência cristã, a qual caracteriza o fiel comprometido, desejam dar a sua contribuição a uma Liturgia viva, consciente, autêntica, edificante, exemplar – apresentar como está atualmente disciplinada a matéria dos cantos na celebração eucarística.
Ora, a regulamentação da Sagrada Liturgia é da competência exclusiva da autoridade da Igreja. Essa autoridade cabe à Santa Sé Apostólica e, segundo as normas do Direito, ao Bispo, e também, às Conferências Episcopais. Portanto, jamais alguém outro, ainda que sacerdote, acrescente, tire ou mude por conta própria qualquer coisa à Liturgia (SC 22).

Fonte: Jornal Diocesano No Meio de Nós - Informativo da Diocese de Marília (SP) - Ano IX - Nº 96 - Agosto/2006
O que é o Dízimo?


O Dízimo é uma contribuição voluntária, regular, periódica e proporcional aos rendimentos auferidos, que todo batizado deve assumir como sua obrigação - mas também seu direito - em relação à manutenção da vida da Igreja local onde participa.

O Dízimo, sendo uma contribuição regular, periódica e proporcional ao ganho de cada dizimista, deve ser entregue na comunidade com a mesma regularidade que acontece o recebimento desses ganhos, que, normalmente, costumam ser mensais. O Dízimo pertence a Deus e é no Templo que deve ser entregue, ou seja, na nossa Paróquia onde participamos regularmente: "Então, ao lugar que o Senhor, vosso Deus, escolheu para estabelecer nele o seu nome, ali levareis todas as coisas que vos ordeno: vossos holocaustos, vossos sacrifícios, vossos dízimos, vossas primícias e todas as ofertas escolhidas que tiverdes prometido por voto ao Senhor". (Dt 12,11s). Levar um auxílio a um pobre, fazer um donativo a uma instituição beneficente são obras muito boas e agradáveis a Deus mas não são Dízimos e não nos isentam de contribuir com o Dízimo.

O Mesmo ocorre com a oferta feita na Santa Missa, no momento do ofertório. A liturgia prevê ser esse um momento em que somos convidados a oferecer os nossos dons diante do altar do Senhor e nesse momento ninguém deve comparecer de mãos vazias (cf Dt 16,10.15-17). Oferecemos o que trazemos em nosso íntimo e também fazemos a nossa oferenda material. Não participar desse momento especial da liturgia é não participar da Missa plenamente. Mas quando fazemos a nossa oferta na Missa não estamos isentos de contribuirmos com o nosso Dízimo e nem mesmo de darmos esmolas e praticar outras obras de caridade.

Muitas pessoas não são dizimistas porque acham que falar ou pensar em oferta ou dizimo, é pensar em dinheiro e que a Igreja e as comunidades não devem pensar no lado das riquezas. Dízimo e dinheiro, não são as mesmas coisas. Para dar dinheiro, basta tê-lo. Para dar "devolver" o dízimo é preciso ter fé, ser conscientizado; estar inserido numa caminhada cristã; na vida da Igreja, ter participação na vida comunitária, isto é viver a vida cristã numa comunidade. Dinheiro eu entrego na Igreja. Dízimo me leva à Igreja. Quem pensa assim, não entendeu a prosperidade de Deus. Eu posso ser rico e não ser próspero. Próspero é aquele que não faz do dinheiro, o seu Deus, mas coloca Deus no seu lugar.

O dízimo e a comunidade nos educam ao amor, à generosidade e a partilha. Isso muda o nosso modo de ver as coisas. Colaboramos “devolvemos”, o dízimo porque vemos o que ele produz em nós, na vida da comunidade e do próximo.

Recebendo de Deus os dons da graça, da paz, da prosperidade, percebemos e vemos que o dinheiro faz parte da nossa vida, da comunidade e da Igreja. Assim nos tornamos dizimistas, porque acreditamos na Palavra de Deus, em nossa comunidade principalmente pelo testemunho e por tudo aquilo que realiza em torno das obras do Senhor.

Juntamente com doação das ofertas, o dízimo ajuda a construir a Igreja Viva. E, do dizimo deve vir os maiores recursos. A comunidade deve levar o dizimo a atender Três Dimensões: Religiosa, Missionária e Social.
Fonte: Blog da Paróquia Sagrada Família de Lucélia (SP)
A Equipe do Dizimo
Dízimo
O que é ser Dizimista?


Ser dizimista é ajudar a construí uma comunidade viva e manter vivo o espírito dos apóstolos quando iniciaram as primeiras comunidades (At 2,42-47).

Sendo dizimista renovamos o compromisso do batismo e com a Igreja. Todo cristão consciente participa e partilha com o próximo as graças e bênçãos que Deus lhe deu.

Se quisermos uma comunidade (sociedade) melhor, onde haja crescimento em fraternidade, solidariedade e partilha, devemos mudar nossa maneira de agir e penar em relação ao dizimo.
Ser dizimista é viver os preceitos que Deus nos transmitiu. É o nosso compromisso, nossa fidelidade aos ensinamentos do nosso Mestre Jesus, que veio para aperfeiçoar as leis, dando-nos exemplos como o de dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Ser dizimista é devolver a Deus o que Lhe pertence.

Sendo dizimista estou comprometido com a minha comunidade, concretizando a minha fé, pois dizimo é gesto de amor, é ato de fidelidade e de fé.

Consciente e imbuído do Espírito de Deus, converto-me. E, assim, posso dizer: sou católico e dizimista graças a Deus.

Dízimo
Para onde vai o dinheiro do Dízimo?

Após a responsável e amorosa contribuição financeira de cada dizimista, surge a pergunta: para onde vai o dinheiro?
O valor arrecadado é aplicado nas três dimensões pastorais: A DIMENSÃO RELIGIOSA, A DIMENSÃO SOCIAL e a DIMENSÃO MISSIONÁRIA.
Na dimensão religiosa, que é a mais diretamente ligada ao culto, o dizimo destina-se à manutenção do tempo – água, luz, telefone, material de limpeza – e às despesas do altar com vinho, hóstias, velas, flores, além dos salários do padre e dos empregados.
"Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do tempo para que haja alimento em minha casa" (Mal 3,10a).
Na dimensão SOCIAL, o dizimo contribui para assistir, por meio das pastorais sociais, as necessidades dos irmãos que têm dificuldades financeiras, doenças, desemprego, etc. "Não amemos só com palavras, mas com obras e de verdade..." (IJo 3,18).
Na dimensão MISSIONÁRIA, o dizimo sustenta a evangelização fora do território da Paróquia e mesmo fora do Pais. É por isso que cada Paróquia faz sua contribuição à Cúria Diocesana e ao Seminário para formação de sacerdotes.
"Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15).
ORAÇÃO DO DIZIMISTA

“Recebei, Senhor, nosso Dízimo! Não é esmola, porque não sois mendigo.Não é uma simples contribuição, porque não precisais dela.Esta importância representa, Senhor, nosso reconhecimento, amor e participação na vida da comunidade,pois o que temos, recebemos de vós. Amém!”

sábado, 7 de março de 2009


O que é a Bíblia?





- Inspiração

"A Bíblia é o conjunto de livros que, tendo sido escritos sob a inspiração do Espirito Santo, têm Deus como autor, e como tais foram entregues à Igreja".
Definição do Concilio Vaticano II
Inspiração
Um dos principais conceitos a ser examinado para uma melhor compreensão da Bíblia é o de inspiração. O que significa dizer que os livros bíblicos são inspirados, de onde vem esta inspiração, até que ponto o que é escrito representa a mensagem de Deus ou do hagiógrafo (escritor sagrado)? Ao longo da história, os estudiosos procuraram esclarecer este conceito básico e, é claro, sempre houve divergências entre eles. Apresentamos aqui algumas reflexões sobre este importante conceito.
Na inspiração distinguimos dois aspectos: dogmático e especulativo.
O dogmático pode ser expresso como resposta à pergunta: por que acreditamos que a Bíblia é um livro inspirado? Isto não se pode provar pela própria Bíblia. Busca-se então provar pelo fundamento histórico. Os evangelhos, por exemplo, são históricos. Há uma tradição desde os tempos dos Apóstolos que cita a Escritura como autoridade divina ( Mt 1, 22; Mt 22, 31; Mc 7,10; Jo 10, 35; At 1,16; Lc 22, 37; Heb 3, 7; 10,15 ). Em 2Tim 3,16, aparece pela primeira vez a palavra 'theopneustos', ou seja, inspirada por Deus.
O especulativo pode ser expresso como resposta à pergunta: em que consiste a inspiração? Este é mais complicado e será exposto com mais detalhes.
a) Modo da inspiração
É muito discutido o modo como se dá a inspiração do escritor sagrado. Bañez afirmou que era um ditado. Mas em II Mac 2, 19-23, o autor se refere a um resumo de 5 livros em um só, cujo resumo lhe custou "suores e noites de vigília". Como é que foi um ditado se houve o esforço dele para elaborar a síntese? Do mesmo modo Lucas (Lc l,1) escreve: "depois de haver diligentemente investigado tudo desde o principio, resolvi escrever... ", logo não foi simplesmente um 'ditado' da parte de Deus.
Em reação à teoria do ditado veio outra que disse o contrário: a inspiração é a aprovação que a Igreja dá ao livro. O fato estar colocado no cânon é a garantia da própria inspiração. Esta tese foi defendida por poucos e não teve grande aceitação nos meios católicos.
O Cardeal Franzelin propôs uma nova fórmula: nem tudo é de Deus nem tudo é do homem, mas as idéias são de Deus e as palavras são do homem. Obteve um certo sucesso, mas ainda não explicou de todo. Sto. Tomás de Aquino propusera a teoria da "causa instrumental": são os dois ao mesmo tempo - Deus e o Homem. Ambos estão presentes em toda a obra, Um é o autor principal e o outro o autor secundário. A inspiração eleva, sublima as faculdades do autor. Pode até ser admitida esta teoria, entretanto, convém lembrar que tudo que está na Bíblia é inspirado, embora nem tudo seja revelado.
b) Funcionamento psicológico da inspiração
Em II Mac, conforme mencionado acima, o autor se refere a um resumo do livro que um certo Jazão escreveu. De 5 volumes ele reduziu a um só. Como dizer que isto é palavra inspirada por Deus, como se explica aí a inspiração divina?
Comecemos por analisar as operações do intelecto: apreensão, juízo e raciocínio. Elas seguem um grau de aprofundamento e refinamento do saber. Pode-se ter uma inspiração de Deus logo no primeiro momento (na apreensão), como se pode ter depois, no juízo ou também nos dois. Quando a inspiração é logo na apreensão, se diz 'revelação'. Quando, como no caso do II Mac, a apreensão é do autor, a inspiração se dá no segundo momento, ou seja, no juízo, enquanto na apreciação que ele faz da obra está sendo iluminado pelo Espírito Santo. Na confecção destes livros, a questão da inspiração é que o autor estava iluminado pelo Espirito Santo para dizer o fato corretamente, sem poder errar no julgamento. Embora ele não esteja consciente disso, a ação do Espírito Santo está sendo exercida no seu intelecto.
Mas, pode-se questionar: como se sabe se ele foi ou não inspirado quando nem ele mesmo pode perceber isso? Aí passa a ser uma questão de fé. Tenta-se explicar o fato, mas não se afirma que seja assim. 0 discernir se o livro é ou não inspirado, dado o que acontece com o autor, é alçada da Igreja, que também é inspirada pelo Espírito Santo. É uma questão fundamentalmente de fé.
Por isso, para a definição do livros autênticos, reconhecidos pela Igreja Católica, os Cânones foram aprovados em Concílios, nos quais se discutiram certas dúvidas a respeito de alguns livros, se eram ou não inspirados. Nas discussões, procurou-se ver na historia da Igreja, desde os cristãos primitivos até aquela época, quais os livros que durante os séculos sempre foram lidos nas Igrejas e, baseada no consenso, ela constituiu o cânon. Sem dúvida, a tradição antiga é mais fidedigna, pois está mais próxima dos tempos apostólicos.
Mas, voltando ao conceito do juízo, ele pode ser especulativo ou prático. Especulativo quando tem por fim o verdadeiro; prático guando tem por fim o bem. No caso de Jonas, por exemplo, o juízo do autor não foi especulativo, mas prático. Jonas teve o sonho em que Deus o mandava pregar em Nínive. Ora, raciocinou ele, Javé é Deus de Israel, e não deve ser falado aos pagãos. Então tomou o navio para outro lugar, e aí entra a história da baleia... A finalidade do autor era convencer a todos que Javé era o Deus universal, contra uma certa corrente judia que negava fato, ou melhor, não gostava da idéia.
Para se entender cada página da Bíblia deve-se ter em mente a finalidade, a intenção do autor ao escrever cada parte do livro. Não se pode abrir o livro em qualquer parte e ler tudo com o mesmo espirito. Na antiga concepção de inspiração (ditado) não se considerava este problema. Tudo que lá estava se acreditava "ao pé da letra". Não se podia duvidar. Mas esta é hoje uma prática mais comum em algumas igrejas protestantes, geralmente praticada por pessoas com conhecimentos teológicos limitados e reducionistas.
Uma conseqüência direta da inspiração é o dom da inerrância. Se o livro é inspirado, logo o que contém é verdade. Porém esta verdade não está ali imediatamente evidente, ela precisa ser alcançada pela reflexão animada pela fé, ou seja, a razão e a fé ajudando-se mutuamente.
INTRODUÇÃO GERAL


A Sagrada Escritura é o conjunto dos livros escritos por inspiração divina, nos quais Deus se revela a si mesmo e nos dá a conhecer o mistério da sua vontade. Divide-se em duas grandes secções: ANTIGO TESTAMENTO, que contém a revelação feita por Deus antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo; NOVO TESTAMENTO, que contém a revelação feita directamente por Jesus Cristo e transmitida pelos Apóstolos e outros autores sagrados.A SAGRADA ESCRITURA, PALAVRA DE DEUS AOS HOMENSDeus falou aos homens através de outros homens por Ele escolhidos para esse fim, mas sobretudo por meio de seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2).

Desse modo, a Palavra de Deus tornou-se linguagem humana sem deixar de ser Palavra de Deus, assim como o Filho de Deus se fez homem sem deixar de ser Deus; e sujeitou-se, tal como Ele, às limitações e condicionamentos da palavra humana, excepto no erro formal. Tais condicionamentos são: Condicionamentos de tempo Os livros da Bíblia são fruto do seu tempo. Por isso, se quisermos entender a mensagem de Deus, temos de conhecer o tempo e as circunstâncias históricas em que foi escrito cada um deles.Condicionamentos de espaço Os livros da Bíblia nasceram em vários lugares geográficos, cada qual com o seu ambiente próprio: uns na Palestina, outros no mundo helénico e outros no Império Romano. E um livro também é filho do meio em que nasceu.Condicionamentos de raça.

Os livros da Bíblia procedem quase todos do povo semita, mais concretamente do povo judeu, que tem um modo de pensar e de se exprimir muito diferente do nosso. É preciso conhecê-lo, para entender a Palavra de Deus.Condicionamentos de cultura Os livros da Bíblia são obra de muitos autores com mentalidade e cultura diferentes, às vezes distanciados entre si por vários séculos. Tudo isso marcou a Bíblia e deve ser tido em conta, pois os autores sagrados, embora escrevessem sob inspiração de Deus, não foram privados da sua personalidade.


TRANSMISSÃO DA PALAVRA DE DEUS.

A Palavra de Deus, no Antigo Testamento, revelou-se através da Tradição e da Sagrada Escritura. Com Cristo, Palavra em pessoa, começa uma nova Revelação: o Evangelho. Os transmissores desta nova Palavra são os Apóstolos, que dão origem à Tradição Apostólica. Os Evangelistas, mais tarde, inspirados pelo Espírito Santo, recolhem e fixam essa Tradição por escrito, dando assim origem à Sagrada Escritura do Novo Testamento. Por isso, diz o concílio Vaticano II: "A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando elas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim." (Dei Verbum, 9)INSPIRAÇÃO DA SAGRADA ESCRITURA A Inspiração é o que caracteriza e essencialmente distingue a Bíblia de todos os outros livros humanos. Acreditar na Inspiração da Sagrada Escritura foi sempre um dogma de fé para os Judeus e para a Igreja. Os Judeus dividiam a Bíblia em três partes: a Lei (Torá), que era considerada a Palavra de Deus por excelência; os Profetas (Nebi'îm), que falaram em nome de Deus; e os Escritos (Ketubîm), formando todos juntos os "Livros santos" (1 Mac 12,9). Jesus Cristo e os Apóstolos citaram-nos como Palavra de Deus (Act 1,16; 4,25). Mas São Paulo e São Pedro é que nos transmitem os dois textos clássicos sobre esta verdade. Paulo diz: "Toda a Escritura é divinamente inspirada" (theopneustos: 2 Tm 3,14-17); e Pedro afirma: "Mas sabei, antes de mais, que nenhuma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo, é que os homens santos falaram em nome de Deus." (2 Pe 1,21) Os Santos Padres também são unânimes em afirmar que Deus é o autor da Sagrada Escritura e que o hagiógrafo é instrumento de Deus. E a Igreja manifestou a sua fé nesta verdade em vários concílios e documentos. O último e o mais expressivo é a constituição dogmática Dei Verbum (DV), do concílio Vaticano II, que diz: "As coisas reveladas por Deus que se encontram escritas na Sagrada Escritura foram consignadas por inspiração do Espírito Santo." E mais adiante, falando da natureza desta inspiração, acrescenta: "porque escritos por inspiração do Espírito Santo, têm a Deus por autor e, como tais, foram confiados à Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades para que, agindo Deus neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria." (n.° 11) Portanto, segundo a constituição Dei Verbum, os livros sagrados são produto da acção transcendente de Deus que suscita, dirige e envolve inteiramente a actividade humana, agindo em constante coordenação com ela. Esta acção divina estendeu-se a todas as faculdades e actos do homem que concorreram para a produção dos livros santos, e abrange todas as partes dos livros e todos os géneros literários que neles se encontram. No entanto, longe de tornar o hagiógrafo passivo, tal acção favorece a sua livre espontaneidade; porque o homem é tanto mais livre e activo quanto mais o Espírito Santo o acompanha. Deus, quando actua no homem, fá-lo sempre com suma delicadeza, respeitando a sua liberdade e a sua maneira de ser, mas valorizando-as e potenciando-as. A Bíblia não é, pois, fruto de um ditado mecânico, mas uma obra em que Deus e o homem intervêm: Deus com as suas perfeições infinitas, e o homem com as suas faculdades e conforme a sua capacidade. Por isso, os dois são verdadeiros autores dos livros sagrados.


A VERDADE DA SAGRADA ESCRITURA Diz também a Dei Verbum: "E assim como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve aceitar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse consignada nas Sagradas Letras." (DV, 11)A verdade da Bíblia é a consequência imediata da Inspiração. Com efeito, se Deus é o autor da Bíblia, se toda ela é obra do Espírito Santo, não pode conter qualquer afirmação que vá contra a verdade e a santidade do mesmo Deus. No entanto, não podemos buscar na Bíblia qualquer verdade, mas só a que interessa à salvação do homem, ou seja, a verdade religiosa, e só aquela que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse registada nas Escrituras. Trata-se de uma verdade não puramente especulativa, mas concreta, que não se dirige apenas à inteligência, mas ao homem todo; uma verdade que é preciso descobrir através dos muitos e variados géneros literários; uma verdade progressiva, revelada por etapas, obedecendo à pedagogia de Deus em relação aos homens; uma verdade que está em toda a Bíblia e não apenas num livro ou num texto isolado. Por isso, a verdade dos textos sagrados só resulta da totalidade da Bíblia, como a santidade da Igreja resulta do conjunto dos baptizados e não de cada um individualmente.


A INTERPRETAÇÃO DA SAGRADA ESCRITURA "Porque Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e o que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras." (DV, 12)Para esse fim, o Vaticano II lembra que é preciso ter em conta os géneros literários, os sentidos bíblicos e certas regras teológicas de interpretação.Os géneros literários. A verdade é proposta e expressa de um modo ou de outro, conforme se trate de géneros históricos, proféticos, poéticos, etc. Estes géneros devem ser entendidos como os entenderam os povos semitas ou helenistas, no tempo em que foi escrito cada um dos livros (DV, 12).Os sentidos bíblicos. Tradicionalmente, têm-se distinguido na Bíblia os sentidos seguintes: literal, pleno, típico e acomodatício.O Sentido literal é aquele que o autor quis dar ao texto. Pode ser próprio e impróprio, figurado ou metafórico. O próprio é aquele em que as palavras são tomadas no seu significado corrente; o impróprio é aquele em que as palavras são tomadas no sentido conotativo ou figurado, por exemplo: "Vós sois o sal da terra." (Mt 5,13)O Sentido pleno é o significado mais profundo do texto; sendo inicialmente pretendido pelo autor divino, só se descobre à luz de uma revelação posterior, especialmente à luz do Novo Testamento. Este sentido resulta do facto de a Bíblia ter dois autores: Deus, para quem o futuro é presente, e que, ao inspirar um determinado texto, já conhece toda a revelação posterior nele implícita; e o hagiógrafo ou autor humano, que apenas conhece e tem presente o mistério que Deus quer revelar nesse determinado momento histórico da escrita. Exemplo claro disto são as profecias messiânicas do Antigo Testamento: para nós são claras, porque o Messias já veio; mas o significado que hoje lhes atribuímos não foi atingido plenamente pelo autor sagrado, e só Deus o teve presente desde o princípio.O Sentido típico dá-se quando certos acontecimentos, instituições, pessoas, etc., por vontade de Deus, representam e prefiguram acontecimentos, instituições e pessoas de ordem superior. Assim, a serpente de bronze erguida por Moisés (Nm 21,8-9) é figura de Cristo crucificado (ver Jo 3,14); a passagem do Mar Vermelho (Ex 14,22) é figura do Baptismo (1 Cor 10,2); o maná (Ex 16,14) é figura da Eucaristia (Jo 6).O Sentido acomodatício consiste em dar às palavras da Sagrada Escritura um sentido diferente daquele que o autor lhes quis dar, devido a uma certa semelhança entre a passagem bíblica e a sua aplicação. Este sentido é muito usado na liturgia e na pregação. Temos um exemplo claro nas festas de Nossa Senhora, em que a Liturgia relaciona com a Virgem Maria textos que se referem à sabedoria divina (Pr 8,22-36; Sir 24,14-16). Regras teológicas de interpretação. Além do já aduzido, o Concílio aponta estes princípios que devem reger a interpretação da Sagrada Escritura: "A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita" (DV,12); ou seja: o mesmo Espírito que inspirou os livros santos deve iluminar os teólogos que, docilmente e com espírito de fé, se dedicam a interpretá-los. Cabe aos exegetas, "de harmonia com estas regras, esforçar-se por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo preparatório, vá amadurecendo o juízo da Igreja." A função dos exegetas é preparar e não substituir o juízo último da Igreja, pois só esta "goza do divino mandato e do ministério de guardar e interpretar a Palavra de Deus" (DV,12).


OS LIVROS DA SAGRADA ESCRITURA

Os livros da Sagrada Escritura, tanto do Antigo como do Novo Testamento, agrupam-se em três conjuntos: históricos, sapienciais e proféticos, conforme o género literário que neles predomina (Ver p. 2135-2136).Nesta obra, cada conjunto e cada livro são precedidos de uma Introdução. Nela são dadas todas as informações necessárias para enquadrar o texto no seu contexto histórico, geográfico e literário e se apontam os seus objectivos e a sua mensagem teológica.


UNIÃO DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO

O Antigo Testamento é a história da revelação de Deus ao povo de Israel, narrada e explicada pelos autores sagrados e escrita nos livros da Antiga Aliança, como verdadeira Palavra de Deus. Estava orientado, "sobretudo, a preparar, a anunciar profeticamente e a significar com várias figuras a vinda de Cristo, Redentor universal, e a do Reino messiânico" (DV,15). Embora a sua missão fosse preparar o povo de Israel para a vinda de Cristo, mantém esse mesmo sentido para os homens de hoje. "A Lei (AT) foi nosso pedagogo para nos conduzir a Cristo" (Gl 3,24). A experiência do povo de Israel é útil também para quem continua à procura de Cristo. Todos temos necessidade de nos preparar para os novos adventos de Cristo, que se realizam na Liturgia e na vida cristã, rumo à Parusia do Senhor.O Antigo Testamento dá-nos a conhecer Deus e o ser humano e o modo como Deus se relaciona com o homem e a mulher. Porque esse conhecimento está adaptado às pessoas a quem se dirige, no Antigo Testamento encontram--se "imperfeições e coisas restritas a um tempo determinado." Realmente, Deus tolerou modos imperfeitos de observar a lei moral: poligamia, divórcio, vingança, etc. Mas isso manifesta a pedagogia divina, que vai conduzindo o povo do imperfeito ao mais perfeito. Por isso, o Antigo Testamento conduz à perfeição do Novo Testamento.Para além disso, o Antigo Testamento já exprime um vivo sentido de Deus, contém doutrinas preciosas sobre Deus e a sua transcendência, sobre a criação, sobre o ser humano enquanto imagem de Deus, sobre a Providência, etc.; e oferece-nos um tesouro admirável de orações. Por isso, "os cristãos devem aceitar devotamente esses mesmos livros", como raiz do Novo Testamento e do Cristianismo (DV,15).


A SAGRADA ESCRITURA NA IGREJA

A constituição Dei Verbum diz que "a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras a par com o próprio Corpo de Cristo"; que sempre as considerou e continua a considerar, juntamente com a Sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; e, por último, chama-lhes "a fonte pura e perene da vida espiritual" (n.° 21).Mas, para ser realmente a fonte da vida espiritual, é preciso que a Bíblia volte a ser "a alma da teologia", da pregação, da pastoral, da catequese e de toda a instrução cristã (DV, 24). Que todos, sacerdotes, religiosos e fiéis mantenham um contacto íntimo e constante com os Livros sagrados através da leitura assídua, do estudo e da meditação. "Porque desconhecer as Escrituras é desconhecer a Cristo" (São Jerónimo). Para isso, são precisas traduções acompanhadas das notas explicativas correspondentes, em todas as línguas vivas, para que cada um as possa ler na sua língua materna (DV, 25). Para estar cada vez mais em consonância com esta doutrina da Igreja, e porque as ciências bíblicas e da linguagem evoluem, é que a DIFUSORA BÍBLICA meteu ombros a esta edição da Bíblia Sagrada, profundamente revista e actualizada tanto na versão do texto como nas introduções e notas.


COMO UTILIZAR ESTA BÍBLIA

Seguem-se algumas sugestões que ajudam os leitores a tirarem o máximo proveito dos vários subsídios incluídos nesta edição da Bíblia Sagrada.Divisão da Bíblia. Tanto o Antigo como o Novo Testamento dividem-se em livros e estes, em capítulos; mas, para encontrar uma simples frase na Bíblia, os capítulos estão divididos em versículos (v.), muitas vezes formados apenas por uma frase. O capítulo aparece destacado, em algarismos maiores, no início do texto; a numeração dos versículos encontra-se, em algarismos mais reduzidos, no interior do texto. Na cabeça da página está indicado ao centro, o nome do livro por extenso; no ângulo exterior, esse nome em abreviatura e o número do capítulo ou capítulos correspondentes a essa página, por exemplo: Dt 3, correspondente ao capítulo 3 do livro do Deuteronómio.

Para entender uma citação bíblica

A ordem dos elementos é: o nome do livro em abreviatura, o número do capítulo e o número do versículo. Assim, Mt 5,12 corresponde ao Evangelho segundo São Mateus, capítulo 5, versículo 12. Se o livro só tiver um capítulo, aparece apenas o livro e o versículo. Assim, 2 Jo 12 para indicar 2.ª Carta de João, versículo 12. Quando são citados vários versículos ou capítulos seguidos, estão unidos por um hífen: Mt 5,12-17 (Mateus, capítulo 5, versículos 12 a 17); Mt 5-6 (Mateus, capítulos 5 e 6); Mt 5,20-6,13 (Mateus do capítulo 5, versículo 20 ao capítulo 6, versículo 13, sem qualquer interrupção). Quando são citados vários versículos do mesmo capítulo, mas não todos seguidos, ficam separados por um ponto: Mt 5,12.14-17 (a citação pára no v.12 e continua do v.14 ao 17 inclusive, não incluindo o versículo 13). Se forem citados diferentes capítulos do mesmo livro, tais capítulos vão separados por um ponto e vírgula mas não é repetido o nome do livro: Mt 5,12.21-23; 6,1-8 (Mateus, capítulo 5, versículo 12 e também do v. 21 a 23 inclusive; e ainda o capítulo 6, do versículo 1 a 8 inclusive). Como se pode ver, a vírgula vai sempre depois do capítulo, a separá-lo dos versículos.
"Na Cruz a Salvação e a Vida"


Adorar imagens?

Uma das mais freqüentes acusações que nós, católicos, sofremos de nossos irmãos protestantes, é a de praticar a “idolatria”, porque, segundo eles, “adoramos” imagens. Trata-se de uma acusação absolutamente sem fundamento, que somente se explica pelo desconhecimento da Palavra de Deus. Com efeito, os protestantes falam esse tipo de coisa dos católicos, muitas vezes com violência e de modo agressivo, simplesmente porque não sabem o que é idolatria.
Idolatria não é o uso de imagens no culto divino, mas prestar a uma criatura o culto de adoração que devemos exclusivamente a Deus. É por isso que São Paulo Apóstolo nos adverte que a avareza é uma idolatria (cf. Col 3,5), uma vez que o avarento coloca o dinheiro no lugar de Deus, como o valor supremo de sua vida.
Todo o comportamento humano depende de valores: é em vista de um determinado valor que escolhemos agir de um modo ou de outro. Se, por exemplo, preferimos gastar nosso tempo dando catequese para crianças, é porque essa opção nos pareceu mais valiosa do que outras.
Assim sendo, a forma como ordenamos as nossas ações vai depender de como hierarquizamos os valores que adotamos para reger nossas vidas. Se colocamos como valor supremo o prazer da vida corporal, certamente não poderemos levar uma vida de pureza e abnegação. Todavia, a forma como hierarquizamos esses valores, em nossa subjetividade, deve coincidir com a hierarquia objetiva dos valores presente no universo. Se isto não se der, haverá uma distorção entre a forma com que vemos o mundo e o próprio mundo.
Repetindo: a nossa hierarquia subjetiva de valores deve coincidir com a ordem objetiva de valores presente no cosmos. Se não for assim, estaremos dando a certas coisas mais importância do que elas merecem, enquanto a outras não prestamos o devido valor. Isto é introduzir a desordem em nossa alma, é quebrar a harmonia que deve existir em nosso interior.
Ora, o que há de mais importante no universo é Deus, pois é Ele quem o criou e sustenta no ser. Todo o cosmos depende de Deus para existir. Logo, também em nossa hierarquia de valores, Deus deve ocupar o primeiro lugar, como valor supremo. Todos os demais valores e ideais devem submeter-se a ele. Quando colocamos outro bem, valor ou ideal no lugar que é exclusivo de Deus, destoamos da ordem do cosmos e caímos na idolatria. Afinal de contas, todo o universo canta a glória de Deus (cf. Sl 18,2). Diz o salmista: “Louve a Deus tudo o que vive e que respira, / tudo cante os louvores do Senhor!” (Sl 150,5).
Quem, portanto, não coloca a Deus como valor supremo de sua vida, não apenas nega a adoração exclusivamente a Ele devida, como também prejudica a si próprio. Por isso Deus ordenou no primeiro mandamento de sua Lei: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20,2-3). Do mesmo modo o Senhor Jesus, quando repeliu o demônio que o tentava, repetiu o preceito: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás” (Mt 4,10).
Todavia, se devemos adorar somente a Deus, isso não significa que não devemos honrar e invocar seus santos e anjos. O mesmo Deus que ordenou que adorássemos só a Deus, também mandou honrar os pais (cf Ex 20,12), as autoridades públicas (cf. Rom 13) os nossos superiores e as pessoas mais idosas. Prestar honra a essas pessoas, simples criaturas, em nada prejudica a adoração devida exclusivamente ao Criador.
Se devemos honrar os governantes deste mundo, quanto mais os anjos, de cujo ministério Deus se serve para governar não só a Igreja, como também todas as coisas criadas. Foi por isso que Abraão prostrou-se diante dos três anjos que lhe apareceram em forma humana, para anunciar o nascimento de seu filho Isaac (cf. Gen 18,2).
Ensina a Igreja e a Sagrada Escritura que desde o início até a morte a vida humana é cercada pela proteção e intercessão do anjo da guarda: “Eis que eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti, e te guarde pelo caminho” (Ex 23,20). Pela invisível assistência dos anjos, somos quotidianamente preservados dos maiores perigos, tanto da alma como do corpo. Com a maior boa vontade, patrocinam a nossa salvação e oferecem a Deus as nossas orações e nossas lágrimas. O Senhor Jesus advertiu que não se devia dar escândalo aos pequeninos, porque “seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de seu Pai, que está nos céus” (cf. Mt 18,10). Se os anjos contemplam a Deus sem cessar, por que não seriam merecedores de grande honra?
Também o culto aos santos, longe de diminuir a glória de Deus, lhe dá o maior incremento possível. Canta a Virgem Maria no Magníficat que “o Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1,49). Quando honramos retamente um santo, proclamamos as maravilhas que a graça de Deus operou na vida dele. Como se diz no Prefácio dos Santos, “na assembléia dos santos vós sois glorificado e, coroando seus méritos, exaltai vossos próprios dons”. A santidade que veneramos nos homens santos é dom do único Santo. Honrando os santos, glorificamos a Deus que os santificou.
Deus é um Pai amoroso, a quem muito agrada ver seus filhos intercedendo uns pelos outros. Ademais, quis associar suas criaturas na obtenção e distribuição de suas graças. Muitas coisas Deus não as concede, se não houver a intervenção de um intercessor. Para que os amigos de Jó fossem perdoados, por exemplo, foi necessária a sua intercessão: “O meu servo Jó orará por vós; admitirei propício a sua intercessão para que se não vos impute esta estultícia, porque vós não falastes de mim o que era reto” (Jó 42,8). Também não é sinal de falta de fé em Deus, recorrermos à intercessão dos santos em nossas orações. O centurião, por exemplo, recorreu à intercessão dos anciãos dos judeus (cf. Lc 7,3) para que Jesus curasse seu servo, mas nem por isso o Senhor deixou de enaltecer sua fé com os maiores elogios: “Em verdade vos digo que não encontrei tanta fé em Israel” (Lc 7,9).
É verdade que temos um único Mediador na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor. Só Ele nos reconciliou com o Pai pelo oferecimento de seu precioso sangue, entrando uma só vez no Santo dos Santos, consumou uma Redenção eterna (cf. Hebr 9,11-12) e não cessa de interceder por nós (cf. Hebr 7,25). Todavia, o fato de termos um único Mediador de Redenção, não significa que não podemos ter junto dele outros mediadores de intercessão. Se recorrer à intercessão dos santos prejudicasse a glória devida unicamente a Cristo Mediador, o Apóstolo Paulo não pediria, com tanta insistência, que seus irmãos rezassem por ele: “Rogo-vos, pois, irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo e pela caridade do Espírito Santo, que me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus” (Rom 15,30). “Se vós nos ajudardes também, orando por nós…” (2Cor 1,11). Se as orações dos que vivem nesta terra são úteis e eficazes para que sejamos ouvidos por Deus, quem dirá as orações daqueles que já estão em glória, contemplando a Deus face a face.
No livro dos Atos dos Apóstolos, conta-se que “Deus fazia milagres não vulgares por mão de Paulo, de tal modo que até, sendo aplicados aos enfermos os lenços e aventais que tinham tocado no seu corpo, não só saiam deles as doenças, mas também os espíritos malignos se retiravam” (At 19,11-12). E também que “traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e enxergões, a fim de que, ao passar Pedro, cobrisse ao menos a sua sombra algum deles” (At 5,15). Se as vestes, os lenços e a sombra dos santos, já antes de sua morte, removiam doenças e expulsavam demônios, quem será louco de dizer que Deus não possa fazer os mesmos milagres por intermédio deles, depois de mortos? E também disso as Sagradas Escrituras dão testemunho, quando se narra o episódio do cadáver lançado na sepultura do profeta Eliseu: “Logo que o cadáver tocou os ossos de Eliseu, o homem ressuscitou e levantou-se sobre os seus pés” (2Rs 13,21).
Todavia, se devemos honrar e venerar os santos e anjos como fiéis servidores do Senhor, é gravíssimo pecado colocá-los no lugar de Deus, prestando-lhes culto de adoração. Este abuso é estranho a verdadeira doutrina católica.
Quanto às imagens, é verdade que o Antigo Testamento proibia que fossem feitas: “Não farás para ti imagem alguma do que há em cima no céu, e do que há embaixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da terra” (Ex 20,4). Todavia, precisamos compreender a razão desta proibição.
Os hebreus viviam no meio de povos idólatras, cujos deuses eram concebidos como tendo formas visíveis, muitas vezes com figura de animais. Para ressaltar a transcendência e a espiritualidade do Deus verdadeiro, este preceito proibia que os israelitas representassem a divindade com imagens. Com efeito, Deus em si mesmo não está ao alcance da nossa vista: é um ser puramente espiritual, não tem corpo, não cabe nos limites do espaço, nem pode ser representado por nenhuma figura. “Não vistes figura alguma no dia em que o Senhor vos falou sobre o Horeb do meio do fogo” (Dt 4,15).
Todavia, a encarnação do Filho de Deus superou a proibição de se fazer imagens. Isso porque, quando “o Verbo se fez carne, / e habitou entre nós” (Jo 1,14), Ele se tornou visível a nós como homem. Invisível em sua divindade, Deus se tornou visível na humanidade de nossa carne. Como diz o Prefácio do Natal do Senhor, “reconhecendo a Jesus como Deus visível a nossos olhos, aprendemos a amar nele a divindade que não vemos”.
A diferença do cristianismo com todas as outras as religiões é que o nosso Deus se fez homem. O centro da Fé cristã é o mistério de Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro. Perfeitamente homem, sem deixar de ser Deus. Mesmo depois da Ressurreição, o Cristo manteve a sua natureza humana na sua integridade e perfeição, como fez questão de sublinhar aos Apóstolos: “Olhai para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo; apalpai, e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que eu tenho” (Lc 24,39). Até hoje, no Céu, dentro do peito de Jesus bate incessantemente um coração de carne, em suas veias corre sangue verdadeiramente humano.
Jesus Cristo é “a imagem visível de Deus invisível” (cf. Col 1,15). Se antes eu não podia fazer imagens de Deus, pois enquanto tal Ele é invisível; após a Encarnação do Verbo eu não apenas posso como devo fazer imagens, para atestar que Deus se fez visível aos olhos dos homens. Ensina São João Damasceno: “Quando virmos aquele que não tem corpo tornar-se homem por nossa causa, então poderemos executar a representação de seu aspecto humano. Quando o Invisível, revestido de carne, torna-se visível, então representa a imagem daquele que apareceu…”
Assim sendo, toda vez que honramos uma imagem sagrada, damos testemunho da nossa Fé no mistério da Encarnação do Filho de Deus. Portanto, quem renega as imagens, de certo modo atenta contra a fé nesse mistério. Este foi o critério que São João propôs para discernir o anticristo: “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne, é de Deus; todo espírito que divide Jesus, não é de Deus, mas é um anticristo, do qual vós ouvistes que vem, e agora está já no mundo” (1Jo 4,2-3).
Rejeitar as imagens sagradas é voltar à Antiga Lei, quando Deus ainda não tinha se feito homem. Quem defende isso, para ser coerente, deve também praticar a circuncisão e guardar o sábado, como é prescrito na Lei de Moisés. Para essas pessoas, o Cristo não veio ainda.
Portanto, beijar uma imagem ou acender diante dela uma vela não são práticas idolátricas, mas atos de piedade. Somente pessoas ignorantes, que não compreendem os dogmas da Fé em seu verdadeiro sentido, podem ter a audácia de chamar de idolatria essas práticas.
Quem venera uma imagem, venera a pessoa que nela está representada. Aquilo que a Bíblia nos ensina com palavras, as imagens nos anunciam com figuras visíveis. A imagem re+presenta, ou seja, torna presente a pessoa simbolizada. Por isso podemos rezar diante das imagens como se estivéssemos diante das personagens que elas representam. Todavia, não podemos confundir essa presença, que é meramente uma presença simbólica, com a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Na imagem Jesus está presente como em um símbolo, na Eucaristia como realidade substancial. Por isso, diante do Santíssimo Sacramento fazemos genuflexão, diante de uma imagem fazemos o sinal-da-cruz ou uma simples reverência de cabeça.
Prefácio dos Santos, I(Missal Romano)
Na verdade, é justo e necessário,é nosso dever e salvação dar-vos graças,sempre e em todo lugar,Senhor, Pai santo,Deus eterno e todo-poderoso.
Na assembléia dos santos vós sois glorificadoe, coroando seus méritos, exaltai vossos próprios dons.Nos vossos santos ofereceis
um exemplo para a nossa vida,a comunhão que nos une,a intercessão que nos ajuda.Assistidos por tão grandes testemunhas,possamos correr, com perseverança,no certame que nos é propostoe receber com eles a coroa imperecível,por Cristo, Senhor Nosso.
Enquanto esperamos a glória eterna,com os anjos e todos os santos,nós vos aclamamos,cantando a uma só voz:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo.O céu e a terra proclamam a vossa glória.Hosana nas alturas!Bendito o que vem em nome do Senhor.Hosana nas alturas!
Autor: Dr. Rodrigo Pedroso
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.” (Ex 25,18)
Muitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria.
Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens.
Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas.
A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4?
A Igreja Católica é a única Igreja que tem ligação direta com os apóstolos de Cristo, sendo ela a guardiã da doutrina ensinada por eles e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bíblia nas passagens em que há a condenação das imagens.
Na Bíblia católica - pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento- o Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes?
Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.
Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia?
Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida a somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas àguas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me aborrecem.”(Ex 20,4-5)
Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui “não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o Deus Único e Verdadeiro”.
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele.” (Ex 25,18-19)
Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29).
Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos:
“E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo.” (Nm 21,8-9)
“Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã.”(2Rs 18,4)
Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel.
E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés, é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois “os filhos de Israel lhe queimavam insenso”. Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel “não obedeceram à voz do Senhor, seu Deus; antes, tranpassaram seu concerto; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram.”(2Rs 18,12)
Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materias, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus.

Autor: Alessandro Ricardo Lima
Como está dividida a Biblia.



Divide-se a Bíblia em duas grandes partes, chamadas respectivamente ANTIGO e NOVO TESTAMENTO. O termo testamento substitui atualmente um antigo termo grego que significa pacto ou aliança. Com efeito, em toda a Bíblia trata-se da aliança feita por Deus com os homens, primeiramente por intermédio de Moisés e em seguida pelo ministério de Jesus Cristo.
É sumamente útil lembrar como foi feita cada uma dessas coleções. A coleção dos livros do Antigo Testamento originou-se no seio da comunidade dos judeus que a foram ajuntando no decorrer de sua história. Dividiram-na em três partes:
1. A Lei (Tora), contendo cinco livros (chamados mais tarde de o Pentateuco, que significa os cinco volumes), forma o núcleo fundamental da Bíblia. Esses cinco livros são: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
2. Os Profetas. Os judeus abrangiam sob esse título não somente os livros que hoje são denominados Profetas, mas também a maioria dos escritos que hoje costumamos chamar de Livros Históricos.
3. Os Escritos. Os judeus designavam por esse nome os seguintes livros: Salmos, Provérbios, Jô, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Éster, Daniel, Esdras e Neemias e as Crônicas.
É a essa divisão que se refere o divino Mestre quando mais de uma vez (p. ex. Mt 22,40) falou da “Lei e os Profetas”.
Essa coleção já estava terminada no segundo século antes da nossa era.
Nessa mesma época os judeus já estavam, em parte, dispersos pelo mundo. Uma importante colônia judaica vivia então no Egito, nomeadamente em Alexandria, onde se falava muito a língua grega. A Bíblia foi então traduzida para o grego. Alguns escritos recentes foram-lhe acrescentados sem que os judeus de Jerusalém os reconhecessem como inspirados. São os seguintes livros: Tobias e Judite, alguns suplementos dos livros de Daniel e de Éster, os livros da Sabedoria e do Eclesiástico, Baruc e a Carta de Jeremias, que se lê hoje no último capítulo de Baruc. A Igreja Cristã admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros.
No tempo da Reforma, os protestantes, depois de terem hesitado por algum tempo, decidiram não mais admiti-los nas suas Bíblias, pelo simples fato de não fazerem parte da Bíblia hebraica primitiva. Daí a diferença que há ainda hoje entre as edições protestantes e as edições católicas da Bíblia. Quanto ao Novo Testamento, não há diferença alguma.
A Bíblia católica divide os 46 livros do Antigo Testamento do seguinte modo (alguns contam 44 livros, unindo Jeremias, Lamentações e Baruc):
1. O Pentateuco (isso é, a Lei).
2. Os Livros Históricos: Josué, Juízes, Rute, os dois Livros de Samuel, os dois Livros dos Reis, os dois Livros das Crônicas ou Paralipômenos, os Livros de Esdras e Neemias, os três Livros de Tobias, Judite e Ester, e por fim os dois Livros dos Macabeus.
3. Os Livros Sapienciais: Jô, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Livro da Sabedoria e Eclesiástico.
4. Os Livros Proféticos, designados pelo nome dos Profetas: Isaías, Jeremias (ao qual se acrescentam Lamentações e Baruc), Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Miquéias, Naum, Habaruc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A coleção dos livros do Novo Testamento começou a formar-se na segunda metade do primeiro século da nossa era.
Seus 27 livros são assim distribuídos:
1. Cinco Livros Históricos: quatro Evangelhos segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João, e Atos dos Apóstolos.
2. Vinte e uma cartas dos Apóstolos. São Paulo escreveu 14 cartas: 1 aos Romanos, 2 aos Coríntios, 1 aos Gálatas, 1 aos Efésios, 1 aos Filipenses, 1 aos Colossenses, 2 aos Tessalonicenses, 2 a Timóteo, 1 a Tito, 1 a Filêmon e 1 aos Hebreus. As outras cartas são as seguintes: 1 de São Tiago, 2 de São Pedro, 3 de São João e 1 de São Judas.
3. Um Livro Profético: o Apocalipse de São João.
As duas coleções que formam a Bíblia foram sendo traduzidas do grego para o latim desde o segundo século da nossa era. Mas a tradução latina mais divulgada é a que fez S. Jerônimo à base dos textos originais hebraico e grego, no fim do quarto século, denominada “Vulgata” (“vulgarizada”).

Os livros da Bíblia apresentam um CONTEÚDO de extraordinária variedade. Acham-se aí por exemplo: fragmentos de epopéia; narrações propriamente históricas; listas genealógicas; narrações episódicas ou romanceadas; oráculos proféticos e sermões; textos legislativos; poemas e orações; ensaios filosóficos; um canto de amor; cartas.
Todos esses documentos são testemunhos da evolução da religião do verdadeiro Deus ao longo da história do povo hebreu.
Diante de tamanha diversidade de assuntos, mormente se não perdermos de vista a redação desses mesmos documentos, que se estende por um período de cerca de mil anos, facilmente se pode compreender que eles não podem ser lidos e interpretados uniformemente. Os antigos hebreus não escreviam como os nossos historiadores modernos. Os onze primeiros capítulos do Gênese, por exemplo, não foram escritos como um curso sobre as origens da humanidade, muito menos ainda como tantas lições de astronomia ou de história natural. Esses capítulos “relatam numa linguagem simples e figurada – adaptada às inteligências de uma humanidade pouco desenvolvida – as verdades fundamentais necessárias ao conhecimento da mensagem da salvação, bem como a descrição popular das origens do gênero humano e do povo eleito” (Carta do secretário da Comissão Bíblica ao Cardeal Suhard).
Todos sabem que um poeta não escreve como um cientista e que toma muitas liberdades de linguagem (imagens, comparações, amplificações) as quais um historiador atual não se permitiria. Ninguém ignora, igualmente, que as tradições populares, em geral imprecisas, sempre embelezaram os heróis e ensombrearam os inimigos. Esse processo literário encontra-se nos mais antigos textos da Bíblia. Sabe-se como a mentalidade popular gosta de fixar em cantos a lembrança dos seus heróis; desses cantos a Bíblia nos conserva numerosos exemplos, como o hino sobre a vitória de Josué.
Por fim é bem notório como a parábola, a comparação, a anedota, a própria fábula são sugestivas e apropriadas para ajudar a compreensão de verdades profundas ou abstratas. Os autores inspirados – Jesus em primeiro lugar – não desdenharam utilizar-se desses processos (por exemplo na história do patriarca Jó, na de Jonas, de Tobias, de Judite, de Ester); dessa forma procuraram inculcar mais facilmente no espírito do leitor um ensinamento de caráter religioso.


Fonte: Bíblia Sagrada (Editora Ave Maria)